đ Newsletter especial de Dia das MĂŁes
VocĂȘ seria uma esposa trofĂ©u?
Hoje eu vi um artigo sobre âesposas trofĂ©uâ â sabe aquelas influenciadoras lindas, que vendem a ideia de que o auge da vida Ă© se casar com um homem rico, viver de aparĂȘncia e deixar ele cuidar de tudo?
SĂł que, cĂĄ entre nĂłs:
A maioria dos homens de classe média ou baixa simplesmente não tem condiçÔes de manter uma casa inteira sozinho. Se a mulher não trabalha, não se paga luz, aluguel, escola, remédio, arroz e feijão.
E mesmo quando tĂȘm dinheiro, muitos desses homens que âquerem suas mulheres em casaâ (sim, suas, como se fossem propriedade) carregam, consciente ou nĂŁo, o desejo de controle.
âA casa Ă© minha. O dinheiro Ă© meu. Eu sei onde ela estĂĄ. Ela estĂĄ ocupada.â
Isso, pra muita gente, Ă© mais sobre poder do que amor.
Vi isso ao vivo hĂĄ algumas semanas:
Um homem destratando a mulher que ele sustenta. Ela ficou quieta. Ela nĂŁo era assim.
E eu pensei: âPor que ela nĂŁo se empoderou naquele momento?â A resposta talvez seja simples e brutal: medo.
Porque se empoderar não é só emocional, é também financeiro.
Como vocĂȘ vai dizer que Ă© senhora do seu destino, se nĂŁo tem fundos pra investir no seu prĂłprio caminho?
Essas influenciadoras que vendem o lifestyle de âesposa trofĂ©uâ, na verdade trabalham para marcas patriarcais e fazem dinheiro como influencers. Ou seja, no fim, elas tambĂ©m trabalham. EstĂŁo ganhando a vida com a prĂłpria imagem, sĂł que vendendo um sonho que, pra maioria, Ă© armadilha.
E se vocĂȘ fosse uma esposa trofĂ©u, teria sua renda extra?
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Hoje Ă© Dia das MĂŁes e eu lembro de quando dizia que nĂŁo queria ser como a minha.
QUE MENTIRA.
Eu era adolescente, nĂŁo tinha ideia do que estava falando.
Claro que Ă©ramos diferentes, claro que eu puxei mais o temperamento do meu paiâŠ
Mas um dia a vida me mostrou o outro lado.
Antes mesmo de empreender, eu jĂĄ estava exausta.
Tive minha primeira crise de ansiedade na faculdade. Depois vieram muitas outras. Burnouts. Medos. Vontade de sumir.
Li os comentårios naquele artigo sobre esposas troféu e muitos diziam:
âEu preferia ser assim. Estou cansada demais.â
Mas a minha mãe não foi uma esposa troféu.
Ela trabalhou duro: administrando uma casa, dois filhos, um marido doente no final de sua vida.
E eu, ainda pequena, lembro que achava injusto ela nĂŁo ganhar salĂĄrio pra isso. Lembro de falar isso com uns 5 anos â meus pais riram. Mas eu estava falando uma verdade.
Meu pai morreu em 19 de julho de 2006.
No dia seguinte, tinha uma conta de luz embaixo da porta da garagem. E só havia restado R$50 no bolso da calça dele.
Minha mĂŁe nĂŁo tinha acesso Ă conta bancĂĄria.
Tudo o que a gente tinha era o meu cartão de crédito, que nunca tinha sido usado.
Fomos ao mercado a pé: eu, minha mãe e meu irmão adolescente.
Comprar o que comerĂamos naquele mĂȘs.
Desde entĂŁo, eu jĂĄ sabia:
Por mais cansada que vocĂȘ esteja, nĂŁo deseje ser uma esposa trofĂ©u.
Deseje ser livre.
A liberdade pode ser cansativa, sim.
Pode doer. Pode ser solitĂĄria.
Mas vale cada passo. Cada centavo. Cada recomeço.
Hoje, eu honro minha mĂŁe.
E amo ver traços dela em mim.
Aquela que eu, boba e arrogante, achei que nunca queria me parecer.
Que tolice essa ideia de que precisamos ser âsuper bossâ o tempo todoâŠ
Podemos empreender, sim. Mas hĂĄ um caminho do meio.
Eu sĂł encontrei esse caminho quando fiz as pazes com as minhas feridas.
E com a minha histĂłria.
âš
Ecilda Vane Mieres.
A mulher que me passou o dom da escrita.
SensĂvel, observadora, resiliente como um cacto â aquele que sempre tem uma flor brotando.
JĂĄ disse que amo vocĂȘ hoje, mĂŁe? (saudades desde 2015)
E vocĂȘ?
JĂĄ honrou sua mĂŁe â e a mulher que vocĂȘ estĂĄ se tornando â nesse Dia das MĂŁes? đ·
Com amor e força,
Joana Mieres
Ah e no meio da correria deste mĂȘs criei um ebook terapĂȘutico que se chama CARTAS PARA A MĂE. Um lugar pra vocĂȘ se libertar da crença da filha perfeita e para honrar tua luz e sombra.